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Neste artigo coloca-se a questão de, apesar do grande aumento de anos de vida que vamos conquistando em Portugal, esses anos a mais não se refletem em anos de vida saudável.
A esperança de vida saudável depois dos 65 anos em Portugal em 2019 era de cerca de 7,3 anos representando menos de 3 anos quando comparado com a média europeia, como refere o artigo publicado no site do INE, à propósito do Dia Mundial da Saúde.
Refira-se que temos registado uma redução nos últimos 5 anos da percentagem da população com limitações na realização de atividades habituais devido a problemas de saúde, passando de 36,1% em 2015 para 32,1% em 2020.
Mesmo assim, continuamos a ser um dos países em que este indicador atinge uma maior expressão (33,0% em 2019, 24,0% para a União Europeia, UE-27).
Segundo o artigo de Tiago Santos, jornalista do Expresso, no final do 1º trimestre de 2022, José Pereira da Silva, médico e investigador, publicou os resultados de um estudo que incluiu cerca de dois mil idosos com mais de 70 anos e que tinham em comum o “estavam razoavelmente bem de saúde à partida”, que incluía:
O estudo decorreu em cinco países:
Desse estudo, podemos concluir que, infelizmente, nós os portugueses não estávamos assim tão bem de saúde.
O Eurostat, refere Portugal como um dos Estados-membros onde homens e mulheres vivem menos tempo de forma saudável, ou seja, sem qualquer incapacidade ou limitação.
Segundo dados do Eurostat referentes a 2020, Portugal é dos países da UE onde os cidadãos têm menos anos saudáveis e sem qualquer limitação de saúde.
“Portugal é de longe o país [entre os cinco] com maior prevalência de vulnerabilidades na sua população idosa e ao mesmo tempo tem os níveis mais baixos de envelhecimento saudável”, explica Pereira da Silva, acrescentando que o país está mal numa série de indicadores sobre a saúde dos seus idosos que incluem:
Elísio Costa coordenador do Centro de Competências de Envelhecimento Ativo e Saudável da Universidade do Porto (Porto4Ageing), refere que “Há investimento em tratamento e cura, mas não há prevenção em saúde ao longo da vida”. Este facto pode estar relacionado com fatores educacionais e socioeconómicos, como refere Helena Canhão, presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia e diretora da Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa,
“A pobreza está frequentemente associada a menor literacia em saúde, a menor acesso a cuidados de saúde e, consequentemente, a menor qualidade de vida”.
Deste facto muito há ainda a fazer em termos de políticas públicas e recursos humanos para apoiar e integrar uma população cada vez mais envelhecida.
Existe uma clara necessidade de aumentar a literacia para a longevidade, que inclui não só a questão da saúde, mas também a questão da vida em sociedade, da preparação financeira, da construção do nosso círculo de amigos, da identificação do nosso propósito de vida e daquilo que nos realiza enquanto pessoas, para que nos tornemos cidadãos mais saudáveis em todos os sentidos, garantindo uma longevidade completa e com sentido.
Para isso, todos temos que fazer a nossa parte, os governos, as instituições as empresas e nós, enquanto cidadãos! Vamos a isso?