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A “adoção” de avôs prolifera em várias cidades espanholas graças a um grupo de jovens voluntários que se encontram assiduamente com idosos que vivem em lares e não recebem visitas de familiares. Em Portugal também existem projetos que reúnem voluntários disponíveis para fazer companhia a pessoas que sofrem com o isolamento, principalmente as que vivem sozinhas, mas ainda não nasceu um projeto idêntico ao “Adote um Avô”. Estará para breve?
Foi em 2013 que o espanhol Alberto Cabanes resolveu criar o projeto “Adota Un Abuelo” ou “Adote um Avô”, depois de uma experiência pessoal num lar de terceira idade. Alberto Cabanes, de visita ao seu avô, reparou que a maior parte dos ocupantes do lar não recebiam visitas de familiares ou amigos. Inclusive um dos utentes que conheceu no lar, disse-lhe que o seu maior sonho era ter netos que o visitassem pelo Natal. Essa frase ficou no ouvido de Alberto que, algum tempo depois, lançou o projeto “Adote um Avô”.
O objetivo deste projeto é promover o envelhecimento positivo e trazer companhia e alegria a milhares de pessoas que vivem em lares e que não recebem a visita de familiares, aproximando gerações diferentes: netos e avós, ainda que apenas por afinidade.
Neste momento, já foram “adotados” mais de 1000 avôs, muito graças à ajuda da comunicação social, e a iniciativa “Adote um Avô”, que começou em Madrid, já tem mais de 200 voluntários espalhados por várias cidades espanholas. A ideia ainda não chegou a Portugal, mas deve estar para breve. Até porque por cá também existem muitos “albertos”, homens que foram criados pelos avós e que com eles aprenderam uma série de coisas, incluindo o sabor de uma boa refeição caseira, e receberam uma série de carinhos! Na verdade, os avôs, apesar de não serem os pais dos netos, amam-nos com igual intensidade e proporcionam-lhes ou proporcionaram-lhes experiências enriquecedoras.
Importância da socialização na terceira idade
Ao longo do processo normal de envelhecimento perdem-se relações sociais. Isso costuma começar na fase da reforma, quando se reduzem contactos importantes e a partir dai é comum que as pessoas tenham maior tendência para se isolarem, comunicando apenas no seio familiar e com um grupo de amigos mais próximos, se tanto. Para alguns é um sossego, apreciado e bem-vindo. Para outros, uma forma solitária de encarar o envelhecimento. É nesta altura que os familiares, nomeadamente os filhos e netos, devem intervir, visitando a pessoa em causa com alguma frequência, de modo a que o sentimento de abandono não surja e que se mantenha uma sensação de envelhecimento positivo. Além disso, devem instigar as interações sociais, promovendo o contacto dos mais velhos com os amigos, as deslocações a centros de convívio e desenvolvimento de atividades culturais ou desportivas, entre outras iniciativas tão ou mais válidas que o projeto “Adote um Avô”.
Numa idade tão atingida pelo isolamento, socializar com outras pessoas é uma das maneiras de se viver um envelhecimento positivo. E há lá melhor forma de socializar do que conversar com um neto? Seja adotado, adote um avô, visite os seus familiares mais velhos ou chame-os até si, mas… não se renda ao abandono!