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Os constantes avanços da ciência e da medicina têm-nos dado mais anos de vida e é expectável que continuemos a prolongar a nossa longevidade. Na opinião da professora Maria do Carmo Fonseca, esta realidade «já mudou a nossa relação com o envelhecimento. Já é muito frequente vermos estrelas de rock, agora com aproximadamente 70 anos, e que continuam a dar concertos, realizadores de cinema que continuam a realizar obras de arte, atores que continuam a ser excelentes profissionais, empreendedores que continuam a ter ideias de negócios absolutamente inovadoras, professores que continuam a ensinar, cientistas que continuam a investigar».
A professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e presidente do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, acredita que «as pessoas estão a viver mais tempo e estão a lidar com estes mais anos de vida de uma forma muito positiva. As pessoas estão a funcionar e a viver como se fossem imunes à passagem dos anos, isto porque continuam saudáveis e porque continuam a fazer aquilo que gostam de fazer».
Convidada da conferência online ‘Longevidade: Precisão e Prevenção Precisa’, promovida pela Culturgest, em parceria com a Fidelidade, a professora Maria do Carmo Fonseca resumiu esta ideia ao conceito de ‘amortalidade’, uma palavra criada pela escritora e editora da revista Time, Catherine Mayer, para descreve a possibilidade de viver mais anos sem envelhecer.
«Os amortais são as pessoas que se sentem imunes ao passar dos anos», explicou a professora Maria do Carmo Fonseca. E na cabeça de todos aqueles que a ouviam ecoou a pergunta: «Há algum segredo? Afinal o que é que mantém algumas pessoas saudáveis e ativas durante mais tempo?»
«É verdade que à medida que o tempo passa o risco de termos doenças aumenta e a causa principal de algumas doenças, tais como o Alzheimer ou a doença de Parkinson, é o envelhecimento. E constatar que o envelhecimento é a causa de doenças esteve na base desta mudança de paradigma, que aconteceu muito recentemente ao nível da comunidade médica, e que levou a Organização Mundial de Saúde a incluir o envelhecimento na lista de doenças».
Fala-se de uma mudança de paradigma porque «durante muito tempo a medicina considerou o envelhecimento como algo normal e inevitável. E sendo algo normal, não sendo uma doença, não está nos objetivos da medicina resolver o problema do envelhecimento», explicou a professora. «A partir do momento em que nós, comunidade científica e médica, olhamos para o envelhecimento, como uma causa direta de doença nós vamos querer tratar o envelhecimento para tratar as doenças que são causadas pelo envelhecimento», referiu.
Maria do Carmo Fonseca explicou que «tratar o envelhecimento significa viver mais tempo saudável e ativo. Não queremos que as pessoas simplesmente vivam mais tempo, o que pretendemos, todos, é aumentar o tempo de vida saudável e por isso mantendo as pessoas ativas e produtivas».
A descoberta mais revolucionária conseguida até ao momento confirma que «sim, é possível reverter o envelhecimento», confirmou a professora Maria do Carmo Fonseca, explicando que «um grupo de investigadores, no Japão, mostrou que com manipulação genética eles conseguiram transformar células retiradas de organismos adultos ou velhos e transformar essas células em células embrionárias. Foi a demonstração de que conseguimos reverter o processo do envelhecimento, no laboratório, e de que conseguimos fazer essa reversão fazendo uma manipulação da forma como os genes funcionam».
«Está a haver imensa investigação no sentido de criar terapias genéticas, tratamentos focados nos genes», contou Maria do Carmo Fonseca afirmando que «vai ser só uma questão de anos para termos estas terapias suficientemente seguras e eficazes para passarmos dos animais para os humanos».
A conferência online 'Longevidade: Precisão e Prevenção Precisa', decorreu no dia 20 de maio, e integra o 'Ciclo Longevidade', uma iniciativa da Culturgest, em parceria com a Fidelidade. Pode assistir à conferência completa no vídeo abaixo ou no Youtube da Culturgest.
Nesta conferência, além da professora Maria do Carmo Fonseca, participou também Ana Teresa Freitas, professora catedrática no Instituto Superior Técnico, cofundadora e CEO da HeartGenetics, Genetics and Biotechnology, que colocou uma das questões mais pertinentes da atualidade 'Podemos ser saudáveis até ao fim da vida?'. Não deixe, por isso, de ler o nosso artigo 'Longevidade 3.0 | Viver mais anos e com mais saúde'.
Nesta conferência online participaram ainda Hedi Peterson, do Projeto Genoma, na Estónia, e Jonas Almeida, investigador permanente e chief data scientist da Divisão de Epidemiologia e Genética do Cancro no Instituto Nacional do Cancro nos Estados Unidos da América.