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Temos de agir de alguma forma. Não podemos continuar a “meter a cabeça na areia”. Há que encontrar soluções para uma nova realidade que por ser cada vez mais frequente, afeta milhares de pessoas, gerações inteiras.
De forma muito simplista, representa todo o contexto que surge da dificuldade em que se encontram as pessoas que buscam a reforma ou pré-reforma, ou que são forçadas a aceitá-las. A vida profissional acaba e, de repente, deparam-se com um vazio terrível.
George Jerjian, autor de “Dare to Discover Your Purpose: Retire, Refire, Rewire”, dedicou-se ao estudo desta questão.
Isto porque ele próprio passou por essa experiência, quando aos 50 anos foi obrigado a reformar-se e durante 10 anos sentiu na pele:
No fundo, o tal vazio, aquilo que tantos sentem e que traz consequências para a saúde tanto mental como física.
Com base no seu testemunho e estudos, encontramos algumas respostas. Uma delas é que o maior desafio da reforma ou pré-reforma (aquele período da vida que tantos ambicionam atingir) pode ter muitos significados.
Na sua investigação, perguntou a 15 mil indivíduos com mais de 60 anos:
“Qual é o seu maior desafio na reforma?”
e as respostas dividiram-se em três áreas:
No campo da saúde, por exemplo, os inquiridos responderam:
Alguns afirmaram ter medo de perder a sua identidade criada ao longo da vida, enquanto outros receavam que as pessoas não os vissem mais. Houve ainda quem referisse sentimentos de rejeição, interiorizados, mas não expressos.
Por fim, o arrependimento:
Para George Gerijan, estas preocupações tinham algo em comum: faltava àquelas pessoas encontrar um propósito! Ou seja, no fundo, uma tomada de consciência do que querem ser e fazer quando deixam o mercado de trabalho.
É necessário interiorizar que só nos reformamos da nossa profissão, não da nossa vida! O que muitas vezes acontece é que quando paramos de trabalhar, deixamos toda uma identidade criada ao longo da nossa carreira, com intensa atividade, tarefas, reuniões, encontros e prazeres apenas relacionados com a profissão e de repente fica um enorme vazio. O tal!
Nesse sentido, é fundamental encontrar aquilo a que se chama o propósito de vida.
Não é uma tarefa fácil, é verdade, mas existe um conceito japonês que pode ajudar muito. Chama-se “Ikigai” e significa “razão de ser” ou como os franceses também dizem “raison d’être”.
Há quem afirme que a longevidade dos japoneses está intimamente relacionada com o conceito de Ikigai.
De acordo com a tradição japonesa, todos possuem um Ikigai bastante óbvio. Entretanto, a maioria das pessoas não consegue encontrá-lo ou não vive de acordo com ele.
Este conceito na versão ocidentalizada baseia-se na ideia de que existem quatro componentes que um indivíduo tem de identificar para encontrar o seu propósito.
Cada componente é representado por uma pergunta. O objetivo é encontrar a atividade que lhe permita responder afirmativamente a qualquer combinação destas quatro perguntas:
1 - Está a fazer uma atividade de que gosta?
2 - É bom nisso?
3 - O mundo precisa do que está a oferecer?
4 - Pode ser pago para fazê-lo?
Se conseguir responder a estas perguntas que se baseiam na sua paixão, na sua vocação, na sua profissão e na sua missão, irá encontrar o seu Ikigai.
(Diagrama de Mark Winn / Andrés Zuzunaga)
Se quiser aprofundar, Ken Mogi, um neurocientista japonês e especialista em felicidade, também sugere averiguar se essa atividade tem os cinco pilares que permitem que seu Ikigai prospere, nomeadamente:
- A atividade permite que comece numa pequena escala e que melhore com o tempo?
- A atividade permite que se sinta realizado?
- A atividade procura harmonia e sustentabilidade?
- A atividade permite que aproveite as pequenas coisas?
- A atividade permite que se concentre aqui e agora?
Num nível mais profundo, Ikigai refere-se às circunstâncias emocionais dentro das quais sentimos que a nossa vida é valiosa à medida que avançamos em direção aos nossos objetivos.
Num tempo em que muitos indivíduos se reformam, ou são obrigados a fazê-lo aos 50, 55 anos, tendo ainda pela frente muitos anos de vida ativa, esta ferramenta pode ajudar a encarar esta nova etapa com maior qualidade.
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