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Jogos que estimulam o envelhecimento ativo

26/11/2021 | Sofia Alçada

Jogos para estimular o envelhecimento ativo Fonte: Pexels Jogos para estimular o envelhecimento ativo Fonte: Pexels

Segundo o Jornal Região de Leiria, o programa Lab Centers, uma ‘spin-off’ do Politécnico de Leiria, está a criar laboratórios de jogos junto de instituições, que contribuem para prevenir, retardar ou melhorar problemas cognitivos e motores nas pessoas com maior idade, permitindo trabalhar o envelhecimento ativo e mais saudável.

“Durante dois anos e meio foram concebidos jogos e investigados os seus resultados. O nosso projeto chama-se AGILidades, porque o objetivo é mesmo trabalhar a agilidade”, adiantou à Lusa a fundadora da ‘spin-off’, investigadora e professora da Escola Superior de Saúde do Politécnico de Leiria.

Como funciona a dinâmica dos jogos?

Numa mesa são distribuídos cartões com imagens, em que o objetivo é encontrar uma peça e colocá-la num quadro maior. Noutra mesa, outro jogo coloca duas pessoas em competição para encontrar mais rápido a imagem mostrada pelo coordenador do projeto. O jogo vai-se ‘complicando’ obrigando os jogadores a mover as duas mãos, colocando um copo na respetiva imagem e a tocar a campainha quando consegue atingir o objetivo.

A memória é estimulada através de um outro jogo, que mostra imagens isoladas e desafia os participantes a contar uma história, real ou imaginada.

Um labirinto no chão, ajuda os intervenientes a treinar o lado motor e a prevenir quedas.

“Estes jogos têm sempre a questão cognitiva e motora.

É um trabalho conjunto, porque é assim que funciona o sistema nervoso central. Por isso, têm sempre questões ligadas e manipulação e outras mais ligadas a parte cognitiva, trabalhando a atenção visual espacial, a memória ou o controle inibitório”, explicou Marlene Rosa.

Segundo a investigadora, “alguns jogos são mais direcionados às atividades de membros superiores, outros são mais direcionados a atividades de locomoção e equilíbrio e prevenção de quedas”.

O AGILidades é também desenvolvido na comunidade, junto da população mais velha com mais autonomia, para a prevenção.

Já nos utentes institucionalizados, o programa pretende “retardar” situações.

 

Qual o impacto deste projeto?

O projeto arrancou em junho deste ano e mais de 70 instituições de todo o país já têm laboratórios de jogos.

“Há um coordenador que recebe formação para poderem pôr em prática os jogos. Vão abrindo trimestralmente candidaturas para instituições, estando a decorrer a terceira fase até 30 de novembro”, refere Marlene Rosa.

 

Quais os resultados obtidos?

Os resultados foram confirmados na investigação que foi realizada e que continua a ser aferida no dia-a-dia.

“A maior parte das nossas investigações demonstra uma melhoria do trabalho cognitivo” e das respetivas “funções executivas”, assim como a “socialização”.

“Quando no final de cada um destes processos de investigação perguntamos aos participantes qual o contributo para a sua felicidade ou para o seu processo de integração na instituição, os resultados são francamente positivos. O jogo das mãos, por exemplo, traz bastantes benefícios em termos de coordenação dos membros superiores e o jogo do labirinto [no chão] em termos de prevenção de quedas e melhoria do equilíbrio”, informou Marlene Rosa.

O coordenador do programa de animação de um dos lares onde é adotada esta solução, Miguel Mesquita, refere que “estes jogos têm muita potencialidade tanto para intervir individualmente como em grupo”. “Temos cada vez mais uma população envelhecida com várias patologias e limitações, mas também com muita competência. Através destes jogos tentamos trazer essas competências ao de cima e tentamos que elas ganhem importância, para que as pessoas não se sintam frustrados quando desenvolvem as próprias atividades”, disse Miguel Mesquita.

O coordenador acrescentou que o programa contribui para que os utentes se divirtam e que se “desafiem a eles próprios, ao mesmo tempo que desenvolvem a sua competência”.

Um excelente exemplo de como se podem usar os jogos como estímulo para ganharmos ou mantermos competências, trabalhando as várias dimensões e sobretudo assegurando um melhor envelhecimento.

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