O envelhecimento e a transição para a reforma | Sociedade

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O envelhecimento e a transição para a reforma

15/04/2021 | Fernanda Cerqueira

Envelhecimento «é uma conquista que nos traz desafios», professora Sara Ramos. FOTO: UNSPLASH Envelhecimento «é uma conquista que nos traz desafios», professora Sara Ramos. FOTO: UNSPLASH

O Índice de Sustentabilidade revela-nos que, a nível mundial, em 1950 por cada pessoa dependente tínhamos 12 pessoas ativas. Em 2000 por cada pessoa dependente tínhamos 9 pessoas ativas. E de acordo com esta evolução, as previsões apontam para que em 2050 por cada pessoa dependente tenhamos apenas 4 pessoas ativas.

Se olharmos para Portugal esta tendência apresenta-se ainda mais acentuada. Isto porque se em 1961 tínhamos, por cada pessoa dependente, quase oito pessoas ativas; em 2017 por cada pessoa dependente tínhamos apenas 3 pessoas ativas. E em 2060 a previsão é de apenas 1,5 pessoas ativas por cada pessoa dependente.

«Isto em termos sociais representa um grande desafio», afirmou Sara Ramos, professora do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, que falava durante a 12ª sessão do Simpósio InterAções.

«O problema do envelhecimento não tem só a ver com viver mais, tem também a ver com nascermos cada vez menos»

De acordo com a análise apresentada pela professora Sara Ramos «o total de população ativa em Portugal tem registado pouca ondulação ao longo dos anos».

É interessante notar que a percentagem de pessoas que decide trabalhar depois dos 65 tem sofrido pouca variação. E que ocorreu, por um lado, «um aumento consistente do número de pessoas entre os 55 e os 64 anos ativas e que, por outro lado, o grupo com menos de 25 anos ativo teve um decréscimo». Ou seja, embora a população ativa não tenha sofrido grandes oscilações o número de pessoas mais jovens ativas (até aos 25 anos) diminuiu, por contraste com o aumento da população ativa entre os 55 e os 64 anos.

O envelhecimento «é uma conquista que nos traz desafios»

O envelhecimento da população «não tem de ser visto como um problema», afirmou Sara Ramos, é antes «uma conquista da sociedade moderna que nos traz desafios», nomeadamente:

  • gerir a saída: o ‘gap’ de competências críticas na saída (por vezes antecipada) dos mais velhos;
  • gerir a escassez de ‘talento’ jovem, devido à baixa natalidade e, no caso, de Portugal, à emigração de jovens qualificados;
  • responder à necessidade de prolongar a vida ativa, o que implica adaptar as condições de trabalho e as carreiras;
  • promover a diversidade etária crescente nas organizações.

O processo de transição social e demográfico que se tem intensificado nos últimos anos com o aumento da esperança média de vida e a quebra da taxa de natalidade irá impulsionar as organizações a traduzirem estas alterações nas suas estratégias e práticas quer ao nível do reforço da formação ao longo da vida, quer no desenvolvimento de carreiras mais longa, mais flexíveis e mais inclusivas. Criando assim condições para que os trabalhadores de todas as idades realizem todo o seu potencial ao longo da sua vida laboral.  

3ª Edição do Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades

A professora Sara Ramos, do ISCTE; Odete Farrajota, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; Maria Ana Guedes e Francisca Nunes, da EDP; Jorge Mineiro, da CUF; Nuno Prata, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, foram os oradores convidados da sessão ‘Estratégias de transição para a reforma: metodologias e práticas’, moderada por Mário Rui André, Diretor da Unidade de Missão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Uma sessão integrada na 3ª Edição do Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades, organizado pela Unidade de Missão ‘Lisboa Cidade de Todas as Idades’ da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Esta foi a 12ª sessão de um conjunto de 16 sessões, todas com transmissão online e gratuitas, sempre às quartas-feiras, com início às 14h30.

Saiba mais AQUI sobre esta iniciativa. E não deixe de ver ou rever a sessão completa no canal do Youtube da SCML.