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O nosso cérebro também envelhece? É uma questão colocada muitas vezes no consultório da Dr.ª Liliana Letra, médica neurologista.
Também nós partilhamos da mesma curiosidade. O nosso cérebro também fica com rugas? E, assim como cuidamos preventivamente do envelhecimento da nossa pele, podemos também acautelar o envelhecimento saudável do nosso cérebro?
De facto, o nosso cérebro também envelhece, um processo «normal e natural» em que se verificam «alterações estruturais, funcionais e cognitivas», explicou a especialista que falava durante a conferência online – Envelhe(ser) com saúde – promovida pela UNICARE.
As alterações estruturais «começam logo a partir da terceira década de vida e acentuam-se a partir dos 60 anos», referiu. São alterações quase impercetíveis para a maioria de nós que, normalmente, se apercebe do envelhecimento do cérebro, sobretudo, através das alterações cognitivas e que afetam a velocidade de processamento da informação, a memória episódica e a função executiva. São normalmente alterações associadas a «uma diminuição da performance cognitiva», esclareceu a Dr.ª Liliana Letra.
O mais curioso é que estas alterações podem ter velocidades muito diferentes de pessoa para pessoa, fruto do seu património genético, mas também do seu estilo de vida e hábitos.
Para os especialistas ter uma alimentação adequada ao longo da vida, praticar uma atividade física regular e manter a atividade mental são «as bases de um bom envelhecimento», afirmou o Professor Doutor Manuel Teixeira Veríssimo. E se estes três comportamentos são «fundamentais», há outros fatores muito relevantes, tais como a integração social ou mesmo as nossas ambições e motivações pessoais e profissionais.
Saber envelhecer é possivelmente o maior desafio que temos pela frente. Estamos a viver mais anos e desejamos vivê-los com saúde por mais tempo e para isso precisamos de envelhecer de maneira saudável.
Na verdade, a ideia é bastante simples. Se na pele aplicamos tratamentos de prevenção muito antes das rugas estarem vincadas, também as ‘rugas’ do nosso cérebro devem ser prevenidas. «Não podemos preocupar-nos com a doenças neuropsiquiátricas na terceira idade, temos de nos preocupar muito antes», alertou a Dr.ª Liliana Letra.
Para a especialista o envelhecimento saudável começa cedo, começa na juventude, com as escolhas alimentares que fazemos, com o estilo de vida e hábitos que adotamos. Na não exposição à poluição, ao tabagismo, ao álcool e na prevenção de doenças tais como a diabetes ou colesterol.
Um relatório publicado, em 2017, na revista científica Lancet(*) identificou nove 'fatores de risco modificáveis' relacionados com o aumento do risco de demência:
1. perda da audição relacionada com a meia-idade;
2. abandono do ensino secundário;
3. tabagismo;
4. falha no tratamento precoce da depressão;
5. inatividade física;
6. isolamento social;
7. pressão arterial alta;
8. obesidade;
9. diabetes tipo 2.
No relatório de 2017, a equipa de investigadores concluiu que a eliminação destes nove fatores de risco representaria uma redução de cerca de um terço dos casos de demência.
Mais recentemente, em julho deste ano, este estudo foi atualizado(**) com três novos 'fatores de risco modificáveis':
10. consumo excessivo de álcool;
11. traumatismo cranioencefálico (TCE);
12. poluição atmosférica.
De acordo com as conclusões deste novo estudo a eliminação destes doze fatores pode retardar ou prevenir 40% dos casos de demência.
São tudo fatores potencialmente modificáveis e, embora seja muito difícil eliminar todos os riscos, basta eliminar alguns deles para conseguir uma enorme diferença. Cuide de si! Conquiste uma vida longa e saudável.
Além da Dr.ª Liliana Letra e do Professor Doutor Manuel Teixeira Veríssimo, Presidente do Conselho de Administração do Hospital Distrital da Figueira da Foz, na conferência online – ‘Envelhe(ser) com saúde’ - participou também o Professor Doutor João Tavares.
Pode ver ou rever esta conferência AQUI.