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E isto tanto no sentido de abrandar a velocidade como no de tentar melhorar a qualidade de vida.
Quando li que ele tinha um novo livro, “Bolder: making the most of our long lives”, corri a comprá-lo e, mais uma vez, admirei a sua abordagem.
O livro demora a ler, mas parte da graça está nisso mesmo. Quem queira saber o que contém, pode ver esta palestra de 15minutos e conhecer a sua nova formulação, a de abraçarmos a nossa longevidade e de a encararmos como uma aventura.
Carl Honoré acordou para este tema quando fez 50 anos e começou a sentir na pele o preconceito social em relação à idade. Apercebeu-se de pequenos grandes detalhes, como a inexistência de cartões de aniversário para quem tenha mais de 50 anos com mensagens agradáveis em vez das frases que evidenciam o preconceito em relação ao envelhecimento. Constatou também, por exemplo, que ao praticar o seu desporto favorito, o hóquei no gelo, e sendo o mais velho da equipa, isso era visto como uma raridade... São muitos os preconceitos que aponta e o envelhecimento, longevidade como eu lhe prefiro chamar, é sempre encarado com pessimismo, realçando-se o seu lado negativo e nunca o positivo.
Os principais pressupostos, errados, que existem são:
Normalmente as expressões “rabugento”, implicativo” surgem associadas ao envelhecimento. Mas a ciência prova o contrário. Alguns estudos como o de inícios dos anos 90, de Andrew Oswald, professor de Economia na Warwick's School of Business, iniciaram a abordagem da curva da felicidade como um desenho em forma de U cujo ponto mais baixo ocorre aos 40 anos. A partir daí, a curva volta a subir e as pessoas são tendencialmente mais felizes. Actualmente são muitos os dados recolhidos pelo America's General Social Survey, Eurobarómetro e Gallup que vêm provar esta teoria.
A alteração de prioridades como a substituição da competição pela compaixão, a gratidão e a experiência são algumas das razões pelas quais conseguimos enfrentar esta fase da vida e conseguimos tornar-nos mais felizes.
Nada mais enganador. O tempo e a experiência são factores que permitem que mais tarde na vida se possa ser criativo. Casos como os das obras de Michelangelo e de Henri Matisse são um claro exemplo da importância da idade na criação de obras únicas.
Mark Zuckerberg disse esta frase há algum tempo e acho que todos os que tinham mais de 50 anos decidiram provar-lhe que não era assim.
Veja-se o exemplo do presidente dos Estados Unidos, com 79 anos, e do Presidente de Portugal, com 74. São claros exemplos de muita e não de pouca produtividade.
Não podia ser mais errado este pressuposto. Exactamente pela experiência que têm, estão mais aptas a conseguir apreender nova informação.
Certamente que o processo é diferente pois ao longo da vida o nosso sistema de aprendizagem sofre alterações, mas não se trata de uma diminuição, como nos querem fazer acreditar de tantas vezes o repetirem.
São inúmeros os exemplos actuais, e Carl Honoré menciona, como ilustração, os vários alunos da Codecademy que, com mais de 50 anos, se dedicam a aprender código para efeitos de programação informática.
Claro que existem contras no processo de envelhecimento, como o da diminuição da capacidade de visão ou audição.
Mas, como ele refere, apesar desta aparente diminuição de capacidade, conseguimos ver muito melhor o quadro geral devido à experiência, e ainda por cima com óculos...
Na sua opinião, primeiro há que criar um movimento que elimine os preconceitos em relação à idade, o que vulgarmente se chama de “idadismo”, seja através de legislação própria que evite esses abusos ou através de campanhas de divulgação sobre o seu lado positivo.
Depois, todos devemos ter cuidado com a linguagem que utilizamos. Devemos parar de usar expressões como “estou a ficar velho”, “isto é da idade” … e tantas outras que nós próprios utilizamos sem nos darmos conta deste constante reforço negativo.
Por último, sejamos honestos e não mintamos sobre a nossa idade; digamos orgulhosamente quantos anos temos.
Pela minha parte, tenho 57! O Carl Honoré tinha 50 na altura desta palestra.
Se quiser saber mais sobre a sua abordagem, leia o seu livro “Bolder: Making the most of our longer lifes”.
Vai ver que vai gostar.
Sobre a autora: Ana Marquilhas, consultora de Media, com alma viajante e dedicada à família. Apaixonada e curiosa pelo tema da longevidade, porque acredita que a vida ativa não acaba aos 50 anos, mantém-se atualizada sobre as tendências que surgem nesta área. Defende que é necessário mudar a sociedade e transformar mentalidades para valorizar, sem exceção, todas as gerações.