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Portugal é um país envelhecido e acompanha uma evolução que é transversal a todos os países. «O mundo está a envelhecer. É uma verdade incontornável. A questão é como é que lidamos com isto?», começa por dizer Ana Sepulveda, consultora nas áreas da Economia da Longevidade e do Envelhecimento Sustentado e Presidente da Associação Age Friendly Portugal. Na sua opinião «a longevidade é uma oportunidade de negócio», um imenso e inexplorado mundo de novas oportunidades para os empreendedores.
Oradora convidada da conferência online 'Longevidade: Implicações sociais', uma iniciativa da Culturgest, Ana Sepulveda considera que «a boa gestão do envelhecimento é uma questão de sustentabilidade das sociedades e das economias» e deu o exemplo do Japão que «desenvolveu um conceito de 'Sociedade 5.0' com uma perspetiva económica que junta três fatores: a sustentabilidade propriamente dita, o desenvolvimento da tecnologia e a digitalização e a longevidade». Uma estratégia económica que o Japão já «exporta para o resto do mundo».
«As pessoas mais velhas são agora mais saudáveis e mais ativas do que nunca. Ainda há muito a fazer, mas é uma mudança positiva e traz consigo muitas oportunidades mesmo para as empresas». As palavras são do ex-Primeiro Ministro da Finlândia (2019), Antti Rinne, e que Ana Sepulveda citou para introduzir «o envelhecimento como uma oportunidade de negócio».
A continuidade da capacidade produtiva e aquisitiva por parte das pessoas mais velhas gera o crescimento de uma nova área que se vai impor decisivamente nos próximos anos: a economia da longevidade.
Tal como explicou Ana Sepulveda, a economia da longevidade é «toda a atividade económica gerada pelas necessidades das pessoas com mais de 40 anos, incluindo os produtos e serviços adquiridos por elas (oferta), toda a atividade económica gerada por essas compras, inclui igualmente a vertente de trabalho e emprego destas pessoas, bem como todo o investimento público relacionado com a promoção da longevidade positiva e envelhecimento sustentado».
Estimativas da Associação Americana de Pessoas Reformadas (AARP) referem que, em 2018, a economia da longevidade representou um crescimento económico na ordem dos 7,6 triliões de dólares norte-americanos e que, em 2050, deverá representar um total de 27,5 triliões de dólares, equivalendo a um total de 60% do consumo. São números que posicionam a economia da longevidade como a terceira área mais estratégica da economia mundial.
Além das indústrias mais óbvias, como o turismo, a habitação e os cuidados de saúde há vários outros segmentos que poderão beneficiar desta nova área, tais como a assistência virtual e o e-commerce. A economia da longevidade tem, na opinião de Ana Sepulveda, «um grande potencial de crescimento e inovação».
Para Ana Sepulveda é preciso tirar da «invisibilidade um público que tende a ser o público com o maior peso na população mundial e também aquele que tem mais tempo e mais dinheiro disponível, comparativamente com as outras gerações». Citando a professora Maria João Valente Rosa, «é preciso quebrar mitos».
A conferência online 'Longevidade: Implicações Sociais’, decorreu no dia 3 de junho, e integra o 'Ciclo Longevidade', uma iniciativa da Culturgest, em parceria com a Fidelidade. Pode assistir à conferência completa no vídeo abaixo ou no Youtube da Culturgest.
Nesta conferência, além de Ana Sepulveda, participaram a professora Maria João Valente Rosa, professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa que, entre outros temas, falou nas enormes perdas que sofremos como sociedade por continuarmos a manter-nos presos ao rótulo da idade. Não deixe de ler o artigo 'Tenho 40, 65 ou 80 anos. Esqueça o rótulo da idade'. E a professora Judite Gonçalves, professora na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa de Economia da Saúde e Estatística, que abordou o difícil tema da solidão. Pode saber mais no artigo 'Uma doença chamada solidão'.
Foi ainda convidado desta conferência Asghar Zaidi, investigador sénior no Instituto de Envelhecimento Populacional de Oxford e professor de Gerontologia na Universidade Nacional de Seoul (Coreia) e na Escola de Economia e Ciência Política de Londres.